Ali Nabussi, de 31 anos, que nunca tinha pegado em armas, vestiu ontem a farda, pegou o fuzil e foi de carona para a frente de batalha
RAS LANUF, Líbia – Quando os cerca de 2 mil jovens apoiados por militares que aderiram ao levante botaram para correr, no dia 20, os antes temidos integrantes das forças especiais e invadiram o seu quartel-general em Benghazi, o pacífico Ali Nabussi, de 31 anos, dono de um ferro-velho na cidade, pegou para si uma farda verde-oliva, um par de coturnos novos, uma mochila de campanha, um fuzil Kalashnikov e um longo pente de balas.
Ontem de manhã, Nabussi vestiu a farda, calçou o coturno, colocou a mochila nas costas, o pente cruzado no peito e o fuzil no ombro, e despediu-se de sua mulher e de seus dois filhos, de 2 e 1 ano de idade. Percorreu de carona os 380 km até Ras Lanuf, e apresentou-se no posto de controle dos rebeldes: “Quero ir lutar em Bin Jawad.” Nabussi não fez o serviço militar e nunca pegara numa arma. “Como vou defender meus irmãos que estão sendo mortos, acredito que Alá me mostrará como usar a arma”, disse ele. “Claro que minha mulher ficou preocupada, mas ou venho para cá agora ou (o ditador Muamar) Kadafi vai nos matar em Benghazi.”
Como Nabussi, muitos moradores de Benghazi e de outras cidades do leste do país têm atendido aos chamados de líderes islâmicos e dos combatentes para avançar para o oeste – ou impedir o avanço das forças do regime para o leste. “Não posso ficar assistindo de braços cruzados enquanto meus irmãos estão morrendo”, explica Nabussi.
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