Até agora, Exército e voluntários garantem ordem em Benghazi
BENGHAZI – Assim como aconteceu no Egito, a polícia líbia desapareceu das ruas de Benghazi e de outras cidades tomadas pela oposição, depois de ter reprimido violentamente os protestos, deixando um número de mortos ainda indeterminado. A lei e a ordem passaram a ser garantidas pelo Exército e por voluntários. A partir de agora, os policiais devem voltar gradualmente às ruas. A informação foi dada ontem ao Estado pelo general de Polícia Ashur Shuail, que ocupa o cargo equivalente ao de ministro do Interior no Conselho Nacional, espécie de governo interino nas áreas controladas pela oposição.
“O povo não gosta que lhe digam o que ele deve fazer”, explica Shuail, doutor em medicina e professor universitário. “Por isso retiramos a polícia das ruas. Mas de hoje em diante a maior parte dos policiais vai reassumir suas atividades.” Segundo Shuail, dinheiro não é problema: as regiões do país, como o leste, onde se situa Benghazi, dispõem de caixa próprio e estão prontas para pagar os salários e o custeio desse e de outros serviços públicos, mesmo tendo rompido com o governo central.
O general disse que não há ameaças graves à segurança pública. “O único problema foi que os criminosos escaparam das prisões e alguns têm armas”, acrescentou despreocupadamente. Ele não soube responder quantos criminosos são nem quem os soltou. “Benghazi está mais segura do que nunca”, declarou sorrindo.
Shuail contou que o conselho local, que administra Benghazi, assim como acontece com as outras cidades controladas pela oposição, reúne-se de uma a duas vezes por dia. Seu telefone não parava de tocar enquanto ele conversava com o Estado. Já o Conselho Nacional, cuja formação foi anunciada no domingo, integrado por representantes dos conselhos locais, tem um papel simbólico, explicou o general. “Foi uma mensagem para o mundo de que há pessoas responsáveis por trás da revolução. Depois de remover o antigo regime, preenchemos o vácuo político e administrativo, até que Trípoli seja liberada.” Shuail insistiu que esse dado é importante: depois que Kadafi se for, o país voltará a ser governado de Trípoli. “Este ponto não está em discussão”, disse o general, procurando dissipar temores de divisão do país.
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