Votação será no mês que vem; rejeição pelo Congresso americano abalaria credibilidade da política externa de ObamaAs chances de aprovação do acordo nuclear com o Irã pelo Congresso americano diminuíram nesta terça-feira. Robert Menendez tornou-se ontem o segundo senador democrata a anunciar que votará contra o acordo quando for apreciado no mês que vem. Dos 44 senadores democratas, 23 anunciaram apoio ao acordo, que retira as sanções econômicas contra o Irã em troca de seu compromisso de não ampliar o seu programa nuclear. Ele precisa de ao menos 34 senadores, para que seu veto presidencial a uma moção de rejeição do acordo não seja derrubado. Os republicanos devem votar unanimemente contra. Na Câmara, segundo os democratas, a situação é mais tranquila. Embora os republicanos também detenham maioria, não teriam votos suficientes para derrubar o veto do presidente.
Menendez, que já foi presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, apoiou o presidente em outros temas sujeitos à pressão de lobbies, como as reformas dos sistemas financeiro e de saúde. Mas costuma assumir posições em favor do lobby judaico. O senador Chuck Schumer, o terceiro na liderança democrata no Senado, já havia anunciado que votaria contra o acordo. Ambos argumentam que ele não inclui garantias suficientes de que o Irã não ampliará sua capacidade de enriquecimento de urânio.
Outros senadores importantes, como Dick Durbin, vice-líder democrata no Senado, declararam apoio ao acordo. O líder democrata, Harry Reid, anunciará sua posição quando o Senado voltar do recesso, no dia 7 de setembro. Então se terá uma ideia mais clara da viabilidade de sua aprovação.
O acordo foi firmado no mês passado entre o Irã, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e a Alemanha. Sua rejeição pelo Congresso, incluindo a derrubada de um veto presidencial, seria um duro golpe na credibilidade da política externa de Obama. De acordo com a tradição do presidencialismo americano, no segundo mandato, os presidentes reeleitos executam as políticas em que realmente acreditam, ainda que sejam impopulares e sujeitas a pressões dos grupos de interesse.
Na política externa, Obama tem enfrentado os lobbies judaico com o acordo iraniano e cubano-americano com o reatamento das relações com o regime de Fidel Castro. Quando cobri a campanha presidencial de 2012, constatei que as questões de interesse de Israel não são defendidas apenas pelos eleitores judeus, mas também pelos protestantes conservadores, que sentem um apego pela Terra Santa e a identificam com a de Israel, como seu guardião.
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