Rafsanjani diz que os argentinos forneceram combustível nuclear ao Irã
TEERÃ – Ao enumerar os descumprimentos de contratos por parte dos Estados Unidos, depois da Revolução Islâmica, o ex-presidente Ali Akbar Hashemi Rafsanjani fez uma referência comprometedora à Argentina. Falando de um reator de 5 mil megawatts incluído no contrato com os EUA, Rafsanjani declarou: “Os americanos não cumpriram a promessa e obtivemos combustível da Argentina.”
De acordo com uma fonte do setor, aparentemente o ex-presidente fez confusão. A Argentina não enriquece urânio. O mais provável é que a empresa argentina Invap tenha consertado algum reator para o Irã.
Durante a conferência de ontem, realizada no Centro de Pesquisas Estratégicas (CPE) de Teerã, o secretário da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc), José Mauro Esteves dos Santos, mostrou a experiência dos dois países com a superação das desconfianças mútuas e criação de um sistema de inspeções conjuntas. A AIEA só faz inspeções nas 36 instalações brasileiras e 42 argentinas acompanhada de técnicos da Abacc, que conta com 83 inspetores.
A apresentação do brasileiro contrastou com a situação de impasse no Oriente Médio. “A experiência do Brasil e da Argentina mostra que obter tecnologia nuclear não significa necessariamente fazer a bomba”, disse Rahman Ghahremanpour, pesquisador do CPE. “Por que não aceitam essa realidade?”
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