Construído no início do século 9.º, o pequeno santuário de Varde abriga o túmulo de Hazrat Abdulghahan, irmão de Reza, oitavo imam (mensageiro de Deus) entre os 12 da tradição xiita.
VARDE – Hazrat foi morto em Hende, como se chamava antes este lugar, 70 quilômetros ao noroeste de Teerã. Com sua morte, o vilarejo foi renomeado Varde, que significa “ao lado do povo”, e se tornou um local de peregrinação. Os fiéis depositam oferendas e amarram fitas coloridas nas grades que protegem o túmulo, na esperança de verem seus pedidos atendidos quando as fitas se desatarem.
Na manhã de terça-feira, o general Meissam Mahdi Mojahid veio peregrinar no túmulo de Hazrat. Herói da guerra Irã-Iraque (1980-88), o corpo cravado de 16 cicatrizes de balas e fragmentos de granadas, Mojahid, de 45 anos, pertence à Sepah, ou Guardas Revolucionários, uma força de elite formada depois da Revolução Islâmica de 1979 que combina alta capacitação militar com fervor doutrinário. Flexível e transdisciplinar, a Sepah reúne forças terrestres, aéreas e navais, e atua paralelamente às Forças Armadas regulares. A Sepah é do regime; as forças regulares, do Estado.
O general está confiante. “Lembra-se do Vietnã?”, pergunta ele. “Se os EUA invadirem o Irã, nossos jovens, como esses dois, vão se explodir na frente dos soldados americanos”, diz Mojahid, apontando para Wahid Esmaili, de 27 anos, e seu irmão Homed, de 21, que ouvem a conversa. Wahid, um engenheiro eletrônico que trabalha numa instalação nuclear de Karaj, a 35 quilômetros de Teerã, e Homed, que cria peixes, confirmam que estão prontos para o sacrifício. “Para nós, o martírio é a glória”, garante Mojahid, saindo do santuário. “A tecnologia nuclear é direito de todos os iranianos, e vamos resistir até a última gota de sangue.”
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