Duramente atacado pelo presidente Mahmud Ahmadinejad na semana passada, o ex-presidente Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, um dos mais influentes líderes políticos do país, reagiu ontem
TEERÃ – Rafsanjani, acusado, juntamente com os filhos, de corrupção, enviou uma carta ao líder espiritual do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pedindo providências contra o presidente. Rafsanjani preside a Assembléia dos Experts, que nomeia e pode destituir o líder supremo, assim como o Conselho de Conveniência do Estado, que julga se as leis aprovadas no Parlamento estão de acordo com os princípios da Revolução Islâmica de 1979.
Derrotado por Ahmadinejad na eleição de 2005, e agora um dos principais aliados do candidato moderado Mir Hossein Moussavi, Rafsanjani diz na carta que dezenas de milhões de iranianos testemunharam as “fabricações” do presidente no debate da semana passada. “Estou esperando que o senhor resolva essa situação, de forma a extinguir o fogo, cuja fumaça pode ser vista na atmosfera, e assim evitar que complôs perigosos entrem em ação.” Noutro comunicado, 14 clérigos da cidade de Qom, principal centro de peregrinações e estudos teológicos do Irã, manifestaram “profunda preocupação” com as acusações feitas no debate.
Rafsanjani pediu direito de resposta à TV estatal, controlada por Ahmadinejad, mas lhe foi negado. Ele e os filhos, donos de uma vasta rede de faculdades e negócios no setor agrícola, são frequentemente acusados de corrupção nos bastidores, mas não em público, como fez Ahmadinejad.
Khamenei apoiou tacitamente Ahmadinejad na eleição de 2005. No início da atual campanha, ele declarou que os iranianos deveriam escolher um candidatos anti-ocidentais e com estilos de vida modestos, numa clara referência ao presidente conservador. Mas depois condenou, sem citar seu nome, a atitude agressiva de Ahmadinejad nos debates.
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