Redução da violência era trunfo do primeiro-ministro
BAGDÁ – O primeiro-ministro Nuri al-Maliki, de 60 anos, venceu as eleições provinciais de janeiro do ano passado, graças à diminuição da violência sectária no Iraque. De lá para cá, os atentados voltaram. A relação entre segurança e o sucesso eleitoral de Maliki é tão direta que muitos iraquianos atribuem alguns desses atentados não à resistência contra a ocupação americana ou à guerra sectária entre xiitas e sunitas, mas a seus adversários nas eleições. Tanto que o alvo de vários deles foram ministérios e outros edifícios do Estado, em vez de mesquitas, peregrinos ou as tropas americanas.
Liderada pelo partido xiita Dawa, de Maliki, a aliança Estado de Direito é formada ainda por dois grupos sunitas sectários: a Frente Nacional de Salvação Anbar e o Bloco Árabe Independente. Mas não conseguiu atrair a adesão de partidos seculares importantes.
Já a Al-Iraqiya, do ex-primeiro-ministro xiita Ayad al-Allawi, abriga 11 grupos xiitas, 10 sunitas e 1 turcomano, todos de inspiração secular. Allawi chefiou o governo entre a dissolução do gabinete interino, em junho de 2004, e a nomeação do primeiro-ministro Ibrahim al-Jaafari, depois das eleições de janeiro de 2005. Nesse periodo, ganhou o apreço dos Estados Unidos. Jaafari, que pertence ao Dawa, foi substituído por Maliki em 2006, em meio a críticas por não ter conseguido conter a violência e restabelecer os serviços públicos, como água e eletricidade. Maliki também não avançou muito nessa área.
As principais organizações xiitas sectárias estão reunidas na Aliança Nacional Iraquiana: o grupo do clérigo Moqtada al-Sadr, o Conselho Supremo Islâmico do Iraque e a Organização Badr. Fazem parte ainda Jaafari, o ex-aliado dos EUA Ahmed Chalabi, agora vinculado ao Irã, e o grupo sunita Conselho de Salvação Anbar.
O ministro do Interior, Jawad Bolani, xiita secular bem-visto pelo Ocidente, lidera a Aliança da Unidade do Iraque, da qual fazem parte o ministro da Defesa, o sunita secular Saadoun al-Dulaimi e o líder sunita sectário Ahmad Abu Risha, dos Conselhos Despertar, que lutaram contra a Al-Qaeda .
Dentre os curdos, os inimigos históricos PUK, de Jalal Talabani, e KDP, de Massoud Barzani, tornaram-se aliados depois da invasão de 2003. Talabani é presidente do Iraque e Barzani, do Curdistão. Graças a sua coesão, devem se tornar os fiéis da balança na formação do próximo governo.
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