Repórter do “Estado” acompanhou avanço dos peshmergas
ERBIL – As Forças Armadas americanas anunciaram ter realizado ontem seis ataques aéreos, destruindo ou danificando três Humvees (blindados de fabricação americana fornecidos ao Iraque e confiscados pelo EI), um outro veículo e vários artefatos explosivos improvisados, na área da represa de Mossul.
O repórter do Estado acompanhou ontem o avanço dos peshmergas, os soldados curdos, ao longo da represa. Eles assumiram ontem de manhã o controle sobre o funcionamento da represa, que abastece Bagdá e a região Centro-Norte do Iraque, além de controlar o nível do Rio Tigre, um dos mais importantes do país. “Posso dizer agora que temos o controle total sobre a represa”, comemorou Mansur Barzani, diretor de Inteligência e de Segurança do Curdistão e comandante da operação de retomada, em entrevista ao Estado.
Filho de Massud Barzani, presidente do Curdistão, Mansur disse que os combatentes do EI estavam a uma distância entre 4 e 8 km da torre de controle da represa, o local onde concedeu a entrevista, fortemente guardado por peshmergas, apoiados por Humvees. A cidade de Mossul, a segunda maior do Iraque, continua sob controle dos EI. Mansur não quis adiantar quando os peshmergas avançarão sobre a cidade. “É uma decisão política”, declarou modestamente o filho do presidente. “Se recebermos ordem de avançar, avançaremos.”
O comandante disse que até agora suas tropas, que incluem unidades das forças especiais curdas, não receberam as armas prometidas pelos Estados Unidos e países europeus. Já o porta-voz dos peshmergas, Helgurd Hikmet, confirmou ao Estado que outras unidades já estavam recebendo as novas armas, tanto leves quanto pesadas. Ele não detalhou o tipo de armamento recebido, mas os peshmergas haviam solicitado veículos blindados, peças de artilharia e fuzis mais modernos que os AK-47 e os M-4 usados por eles. Hikmet acrescentou que as forças curdas haviam retomado ontem “a maior parte” da cidade de Zumar, ao norte de Erbil, a capital do Curdistão. A cidade e um campo de petróleo adjacente foram tomados no dia 4 pelo EI depois de intensa batalha.
O chefe do Estado Maior Conjunto dos Estados Unidos, general Martin Dempsey, advertiu ontem que não será possível derrotar o EI sem atacar seus combatentes na Síria, onde o grupo também ocupa vastas porções de território no norte e nordeste, até a fronteira com o Iraque.
Durante entrevista coletiva ao lado do secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, o general ressalvou que não há nenhuma decisão por parte da Casa Branca de ampliar os bombardeios para a Síria.
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