Saqueadores tentam de novo roubar embaixada brasileira

Encarregado administrativo e guardas defendem a casa com disparos para o alto

BAGDÁ – Eram 10h30 de ontem. O encarregado administrativo da Embaixada do Brasil, Awni al-Dayri, avaliava os prejuízos dos dois saques de que a casa foi alvo nos últimos seis dias. De repente, ouviu gritos do lado de fora. Seis saqueadores que estavam roubando materiais de construção da Mesquita Rahman, uma enorme obra inacabada deixada pelo governo de Saddam Hussein, perceberam que a embaixada estava aberta e se aproximaram para assaltá-la.

Al-Dayri sacou a pistola automática e começou a dar tiros para o alto, assim como dois de seus guardas particulares, armados de fuzis Kalashnikov. Rapazes que moram no bairro e cuidam da segurança também se aproximaram, e os seis se afastaram, a pé. “Como vamos continuar vivendo assim?”, pergunta Al-Dayri, exausto. É a segunda vez, em cinco dias, que ele expulsa saqueadores a tiros da embaixada brasileira, uma das únicas que ainda não foram esvaziadas pelos ladrões.

Al-Dayri concluiu ontem que o primeiro saque, na noite do dia 9, foi feito por dois dos quatro policiais fornecidos pelo Ministério do Interior para guardar a embaixada. Na fuga, os policiais deixaram rastros por toda a parte, incluindo seus crachás e uniformes. Levaram aparelhos de ar condicionado e geladeiras. No dia seguinte, alertado pelos guardas particulares, Al-Dayri espantou novos saqueadores, que haviam estacionado um caminhão em frente do portão lateral, a tiros de Kalashnikov.

Nada de importante ou valioso foi levado da embaixada até agora. Al-Dayri mantém a bandeira brasileira amarrada ao pé do mastro, para evitar atrair saqueadores. Uma sala, protegida por grades de aço, abriga todo o histórico das relações Brasil-Iraque. “Se eles conseguirem entrar, imagine o que pode acontecer”, teme Al-Dayri.

Publicado no Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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