Apesar da rotina louca, saúde é boa

Pelo menos é o que garante dirigente palestino Ahmed Sobeh, que é médico

O diretor de Relações Internacionais da AP, Ahmed Sobeh, reconhece que terá de chegar o dia em que a política palestina estará fundada antes em instituições do que em pessoas, mas garante que Yasser Arafat ainda tem muito a fazer e conta com a energia para isso. “O mal-estar no Cairo foi apenas resultado de uma gripe e de excesso de trabalho”, diz ao Estado Sobeh, formado em medicina na Espanha, e que esteve com o líder palestino na semana passada em Ramallah.

A TV israelense chegou a noticiar que Arafat teria sofrido um pequeno derrame cerebral. “Há 30 anos, ele trabalha 18 horas por dia, sem folga, e sua saúde é melhor do que a de um homem médio de 67 anos (que completará em agosto)”, atesta Sobeh. Os glamourosos anos dourados do exílio se foram, mas a rotina de trabalho de Arafat continua apoteótica. “Nós falamos que ele precisa descansar mais, ter mais sossego, mas ele não ouve”, reclama o clínico geral.

Arafat não será lembrado pela generosidade em delegar poderes. Além disso, há a precariedade do regime autônomo. Ele governa territórios descontínuos: a Faixa de Gaza está separada da Cisjordânia, que por sua vez continua em grande parte ocupada por Israel.

Como me explicou uma vez um assessor de Arafat quando fui entrevistá-lo no exílio em Túnis, em 1992 — quatro meses depois de ele retirar coágulos do cérebro causados por acidente de avião na Líbia —, “se ele chegasse neste hotel agora, poderia instalar seu fax, ligar o telefone celular, conectar o computador e pronto: estaria montado seu escritório.” Velhos hábitos não se abandonam assim tão facilmente.

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