Pró-sírios não puderam vetar tribunal internacional

Até 1989, os poderes executivos se concentravam nas mãos do presidente da República, um cristão maronita

BEIRUTE – O Acordo de Taif, que pôs fim à guerra civil libanesa em 1990, deslocou esses poderes para o gabinete, chefiado por um sunita. Mas atribuiu ao presidente a nomeação de um terço mais um dos 25 ministros – e, com ela, o poder de veto no governo. 

Nas eleições do ano passado, o bloco 14 de Março, vinculado a Rafic Hariri, o primeiro-ministro assassinado, obteve 55% das cadeiras do Parlamento e o 8 de Março, liderado pelo Hezbollah, os outros 45%. Formou-se um governo de coalizão, no qual o Hezbollah e a Amal indicaram cinco ministros. O presidente Emile Lahoud, como eles aliado da Síria, indicou outros quatro. O grupo garantiu o poder de veto. Aconteceu que três dos quatro ministros de Lahoud – inclusive um ex-genro – debandaram para o grupo do primeiro-ministro Fuad Siniora. O Hezbollah e Lahoud exigiram a troca desses ministros. Siniora tergiversou.

Em novembro, Siniora submeteu ao gabinete a criação do tribunal internacional. Incapazes de vetar o tribunal no gabinete, os seis ministros pró-sírios saíram do governo. O gabinete aprovou o tribunal e Lahoud o vetou. Só o Parlamento, no qual Siniora tem maioria, pode derrubar o veto presidencial. Para evitá-lo, o presidente do Parlamento, o xiita Nabih Berri, líder da Amal, não o convoca a se reunir, criando um vácuo institucional.

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