Mais um ataque a escola mata 10 palestinos

Secretário-geral da ONU chama bombardeio de ato criminoso

GAZA – Um míssil disparado por um avião israelense caiu ontem na entrada de uma escola mantida pela ONU em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, matando 10 pessoas e ferindo cerca de 30. É a segunda vez em quatro dias que as forças israelenses atingem uma escola da ONU. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, qualificou o ataque de “ultraje moral e ato criminoso”, e o Departamento de Estado americano se declarou “horrorizado” e pediu uma investigação do incidente.

Cerca de 3 mil pessoas estão abrigadas na escola, tentando se proteger justamente dos disparos da artilharia israelense, que castigam a região da fronteira, em busca de túneis cavados pelo Hamas. As Forças de Defesa Israelenses (IDF) explicaram que seu alvo eram “três terroristas da Jihad Islâmica a bordo de uma motocicleta” nas cercanias da escola, e que estavam “examinando as consequências desse ataque”.

Na quarta-feira, ao menos 15 pessoas foram mortas por disparos da artilharia israelense em uma escola da ONU em Jabalya, 4 km ao norte de Gaza. Os militares israelenses justificaram dizendo que combatentes haviam disparado morteiros de uma área próxima à escola, e eles reagiram atirando.

Ainda no sul da Faixa de Gaza, os militares israelenses disseram ter encontrado um depósito com 150 granadas de morteiro. Eles entraram em confronto com combatentes que saíram de um túnel e com outros que se preparavam para disparar um míssil antitanque de uma casa, segundo um comunicado.

Ashraf Goma, líder da facção moderada palestina Fatah em Rafah, disse à Reuters que há feridos sangrando nas ruas da cidade, sem poderem ser socorridos. Ele contou ter visto um homem em uma carroça trazendo sete corpos para o hospital. “Os cadáveres estão sendo guardados em refrigeradores para sorvetes e em recipientes térmicos para flores e verduras.”

De acordo com o Exército israelense, mais de 55 foguetes foram disparados de Gaza contra Israel no domingo. O repórter do Estado viu o disparo de dois deles, da costa mediterrânea. Estilhaços de um foguete interceptado por um míssil israelense caíram em um parque em Tel-Aviv mas ninguém ficou ferido.

Na cidade de Gaza, os ataques israelenses deixaram ao menos 30 mortos ontem, segundo o Ministério da Saúde. O total de palestinos mortos subiu para 1.775, a maioria civis. Já Israel confirmou a morte de 64 soldados e de três civis.

O tenente Hadar Goldin, que havia sido dado como capturado pelo Hamas, foi enterrado ontem em Israel. Assim como outros dois militares israelenses, ele também foi morto na emboscada de combatentes do Hamas em um túnel perto de Rafah. O confronto pôs fim a uma breve trégua de 1h30, na manhã de sexta-feira. Israel havia acusado o Hamas de sequestrar o militar, mas a organização negou. Seu corpo foi encontrado ontem.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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