Uma das primeiras críticas feitas aos CEUs foi a de que, em vista de seu custo – R$ 17 milhões para a construção e R$ 6 milhões por ano de manutenção.
Eles não poderão se estender a uma grande parcela das crianças, criando alunos de primeira e segunda classe. Afinal, nos 21 CEUs anunciados, cabem 50 mil crianças, num universo de 1,080 milhão de vagas da rede municipal.
“Perto de 400 mil crianças estão sem escola em São Paulo”, diz o secretário estadual de Educação, Gabriel Chalita. “O que se gasta com os CEUs zeraria esse déficit. É mais responsável universalizar o ensino do que construir centros de excelência.”
A secretária de Educação, Maria Aparecida Perez, garante que o déficit de vagas está sendo zerado e que nos CEUs o ensino é idêntico ao das escolas convencionais. Acontece que, com R$ 17 milhões, dá para construir dez escolas convencionais boas, com laboratórios, salas de informática, biblioteca, quadras e até uma pequena piscina, para 2 mil alunos cada. Então, como justificar que essa diferença seja custeada com verba da educação, quando o ensino continua o mesmo?
“O CEU é uma proposta de mudança social da educação, com a cultura e o esporte como áreas complementares, necessárias ao processo de aprendizado na sala de aula”, diz a secretária municipal de Educação. “E esses benefícios não são só para os alunos do CEU, mas para as crianças do entorno, que também podem freqüentá-lo.”
Perez diz que os professores têm passado por cursos de capacitação, como um que ensina a “alfabetizar”, não só para o texto, mas também para obras de arte e outras informações do cotidiano. A secretaria também tem promovido discussões sobre temas raciais e de “gênero”.
A especialista em educação Guiomar Namo de Melo sente falta de um projeto mais sólido para fazer os apetrechos do CEU ajudarem no ensino. “Menino mais contente não rende mais necessariamente”, adverte Guiomar, professora de pedagogia da PUC-SP e membro do Conselho Nacional de Educação. “É preciso um trabalho pedagógico para transformar isso em conhecimento. O que se espera da escola é que ela ensine.”
“O CEU não tem conteúdo pedagógico”, concorda Hubert Alqueres, ex-secretário-adjunto do Estado. “Na rede pública, grandes equipamentos escolares dão sempre piores resultados”, completa a ex-secretária estadual Rose Neubauer.