Depois de meses de hemorragia, manicure é curada de mioma com tratamento inovador
A manicure Alda Lucas de Sousa Simão começou em 1998 a tratar um mioma no Pérola Byington, hospital de referência em ginecologia na região central de São Paulo. Em consulta no dia 10 de março deste ano, uma ginecologista disse que seu caso era para cirurgia, e pediu vários exames. Alguns, ela fez no ambulatório do Pérola Byington e outros no Hospital das Clínicas.
Em 18 de março, Alda foi internada, com hemorragia. Foi a primeira de uma série de internações. Alda, de 46 anos, acredita que não pôde ser operada por causa dessas hemorragias. Segundo a diretora do hospital, Vânia Tardelli, a cirurgia não pôde ser feita por problemas de coração e obesidade. Além disso, Alda é testemunha de Jeová e não faz transfusão de sangue.
O marido de Alda, Adão Alves Simão, tinha freqüentemente de pedir licença no seu trabalho, na Associação dos Policiais Militares Deficientes Físicos do Estado de São Paulo, para acompanhar a mulher no hospital. A assistente social da associação, Raquel Vitiello, interessou-se pelo caso. Raquel tinha visto na TV uma reportagem sobre a cartilha do Idec. E resolveu testar sua eficácia.
Usando um dos modelos da cartilha, Raquel ajudou Adão a escrever uma carta para a diretora do hospital. A carta, do dia 9 de maio, relata que Alda compareceu ao hospital na véspera para ter consulta com clínico geral, que só foi marcada para 4 de junho, “o que pode implicar em sério prejuízo à sua saúde”. Citando artigos da Constituição que definem a saúde como “direito de todos e dever do Estado”, a carta solicita que a cirurgia seja realizada dentro de cinco dias, sob pena de serem adotadas “medidas cabíveis”.
A diretora tomou então conhecimento do caso de Alda e a encaminhou para a uroginecologista Aparecida Maria Pacetta, que está introduzindo no Brasil um método novo, desenvolvido nos EUA. A injeção de um gel alcoólico faz o mioma se desintegrar. O procedimento leva 15 minutos, substituindo uma cirurgia que pode durar duas horas, e a paciente sai andando, em vez de 15 a 30 dias de repouso.
Cinco dias depois da entrega da carta, o procedimento foi marcado para 28 de maio. Durante a aplicação, a médica segurou na mão de Alda, detalhe que a paciente não esquece. O mioma está regredindo e a hemorragia estancou.
Depois de quatro meses, Alda voltou a trabalhar ontem.
“A carta sempre é uma força, mas o procedimento teria sido feito mesmo sem ela”, garante a diretora do hospital, que assumiu o cargo há dois meses e está implantando um programa de “humanização” do atendimento, seguindo diretrizes da Secretaria de Saúde do Estado. Já Alda acha que sua vida foi salva pela assistente social, pela diretora, pela uroginecologista e pela carta.