Organizações sociais poderão assumir gestão de especialidades em toda a cidade
O prefeito Gilberto Kassab pretende mais do que dobrar, ainda este ano, o número de Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) na cidade de São Paulo. O anúncio será feito hoje, durante a inauguração da 44ª AMA, na Vila Nhocuné, zona leste da cidade. Ela faz parte do primeiro lote de 51 unidades ambulatoriais. Além dessas, o prefeito planeja construir outras 55, nos próximos cinco meses. Cada AMA custa em média R$ 1 milhão para montar e R$ 2 milhões por ano para manter.
Kassab também vai anunciar um novo tipo de parceria com as Organizações Sociais (OS), que já administram as AMAs e cuidam da triagem em hospitais municipais. As Organizações Sociais também vão assumir os serviços de algumas especialidades em toda a cidade, nas quais sejam referência. Num dos formatos em estudo, o parceiro poderá centralizar o atendimento de pacientes de câncer, por exemplo, em um hospital, e depois encaminhá-los a quatro AMAs, espalhadas pelas regiões da cidade, para acompanhar o pós-operatório.
“Estamos sendo procurados por vários parceiros de várias especialidades”, disse Kassab ao Estado. No caso da oncologia, uma das que se ofereceram foi a Fundação Antonio Prudente, que mantém o Hospital A. C. Camargo. Entre os parceiros que podem assumir outras especialidades estão a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Hospital Albert Einstein e a Santa Casa. “São todos órgãos de excelência”, elogia o prefeito, “com alta formação técnica, com história na cidade e totalmente blindados contra irregularidades.” Para Kassab, “as parcerias têm dado qualidade ao sistema”.
As AMAs atendem urgências de baixa complexidade, como dores, e podem realizar pequenos procedimentos cirúrgicos. O médico avalia se um paciente com dor no estômago, por exemplo, sofre de uma gastrite que deve ser tratada numa UBS, ou se está com uma úlcera hemorrágica, encaminhando-o para um hospital. Implantadas a partir de março de 2005, as AMAs desafogaram hospitais e prontos-socorros. De acordo com a Secretaria da Saúde, a redução da demanda por consultas de urgência foi de 14,9% nas unidades hospitalares das regiões leste e sudeste e de 9,2% nas regiões sul e norte – onde há menos AMAs.
Nas UBSs, clínicos gerais e psiquiatras, que até aqui atendiam apenas de segunda a sexta, passarão a atender também aos sábados. Kassab acredita que toda UBS deveria ter a seu lado uma AMA. “Se tiver que fazer 400 AMAs e gastar R$ 800 milhões por ano, acho que vale a pena”, contabiliza o prefeito. “Prefiro não fazer obras e priorizar a saúde. Não há obra que justifique a má qualidade da saúde e da educação.” O gasto previsto com saúde este ano é de R$ 3,5 bilhões, cerca de 18% da receita do Município.
O atendimento, de acordo com Kassab, também está sendo agilizado pela informatização da rede, que já atingiu 372 UBSs e, dentro de dois meses, deve chegar a todas as 403. A informatização facilita a marcação de consultas e o encaminhamento de pacientes para ambulatórios de especialidade ou hospitais. E permitirá ao médico consultar os prontuários, acessíveis nos computadores da rede, pelo número do cartão do usuário do SUS.
Em 2004, a rede municipal realizou 142 mil procedimentos ambulatoriais. Já no ano passado, esse número havia saltado para quase 188 mil, segundo os dados da Secretaria da Saúde. Kassab rebateu as críticas, segundo as quais ao priorizar o atendimento ambulatorial a sua gestão se estaria descuidando da medicina preventiva, representada pelo Programa de Saúde da Família (PSF). As visitas domiciliares dos agentes de saúde subiram de 417 mil, em 2004, para 967 mil, em 2006, segundo a Secretaria da Saúde.
A distribuição de medicamentos também foi informatizada, e a Prefeitura atende 950 mil prescrições por mês. Segundo Kassab, não faltam mais remédios nos postos de saúde. Quando um paciente não acha o que procura, é porque o médico prescreveu o nome errado, e deve haver um equivalente na rede.