Governo americano proíbe negócios e congela contas bancárias de nove pessoas e duas entidades ligadas ao comerciante libanês
BEIRUTE
Assaad Ahmed Barakat está na mira dos investigadores há vários anos. Depois de sua prisão pela Polícia Federal, em junho de 2003, agentes da Secretaria de Prevenção e Investigação do Terrorismo do Paraguai disseram ao Estado que o pedido de captura e extradição feito pela Justiça paraguaia era resultado de “dez anos de investigações”. Os agentes consideravam Barakat o chefe de um vultoso esquema de arrecadação de fundos para o Hezbollah, que teria somado milhões de dólares por ano.
Relatório confidencial da Justiça argentina, de março de 2003, incluiu o libanês naturalizadoparaguaio na lista de militantes do Hezbollah que teriam prestado algum tipo de apoio nos atentados, em Buenos Aires, contra a embaixada israelense, em 1992, e contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia), em 1994. Na época, Barakat vivia no Líbano.
Barakat não negava ter levantado fundos para a construção da mesquita de seu irmão, o xeque Akram Assaad Barakat, ligado ao Hezbollah, em Beirute. Mas, falando ao Estado na carceragem da PF em Brasília, antes de sua extradição para o Paraguai, em 2003, o empresário negou que tivesse feito remessas ou ligações telefônicas para grupos terroristas, como alegavam os investigadores paraguaios. O Estado tentou ouvir ontem o xeque, sem sucesso.
Antes dos ataques de 11 de setembro de 2001, os migrantes libaneses, sobretudo xiitas, no mundo todo, orgulhavam-se de adotar órfãos de “mártires”, como são chamados os mortos em confronto com Israel ou em atentados suicidas. Depois dos atentados contra as torres gêmeas, o Departamento de Estado americano incluiu em sua lista negra as instituições de caridade ligadas aos grupos considerados terroristas. A remessa de dinheiro aos órfãos continuou conferindo prestígio social na comunidade. Mas, fora dela, passou a ser considerada um crime.