‘Não damos credibilidade a um preso cumprindo pena e querendo negociar sua redução’, diz Pitombo, advogado da Bônus Banval
O advogado da Bônus Banval, Antônio Sérgio Pitombo, desqualificou a versão do doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, de que a corretora era a maior pagadora do mensalão. “Pela sua própria natureza, não damos credibilidade a um preso cumprindo pena e querendo negociar sua redução”, disse o especialista em crimes de lavagem de dinheiro, que comparou Toninho aos pentiti, os arrependidos da máfia italiana.
Pitombo assegurou também que “não tem a menor pertinência” a afirmação de Toninho da Barcelona segundo a qual a corretora não operava apenas para o deputado José Janene (PP-PR), mas também para o ex-ministro José Dirceu (PT-SP). “É mais um desvio das investigações da CPI”, declarou Pitombo. “Resta perguntar para que time o sr. Toninho da Barcelona está jogando.” Segundo o advogado, a corretora está “prestando os esclarecimentos necessários e levou toda a documentação para o Supremo Tribunal Federal”.
A CPI dos Correios detectou a transferência de quase R$ 3,5 milhões das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para a Bônus Banval, na qual a filha de Janene, Michele, estagiou entre março de 2003 e janeiro de 2004.
Em depoimento à Polícia Federal, no dia 5, Enivaldo Quadrado, um dos donos da corretora, disse que Janene o apresentou a Marcos Valério em fevereiro de 2004, como um possível comprador da Bônus Banval Commodities, que estava atravessando problemas financeiros.
Demonstrando interesse no negócio, Marcos Valério teria pedido ao corretor que fizesse quatro saques no Banco Rural no primeiro semestre do ano passado, no valor total de R$ 605 mil. O dinheiro, sacado por dois funcionários da corretora e um policial civil, teria sido entregue a Quadrado, que por sua vez o teria repassado a Marcos Valério.
Quadrado então lhe teria comunicado que não queria mais fazer esses “favores”. Ele diz que constatou que Marcos Valério não ia comprar a corretora e suspendeu as operações dela, alienando seu título – no valor de cerca de R$ 1 milhão – na Bolsa de Mercadorias & Futuros, em agosto do ano passado.
Os outros R$ 2,9 milhões transferidos à Bônus Banval pela 2S Participações – que Quadrado diz não saber que pertencia a Marcos Valério – teriam sido pagos a um cliente da corretora. Ele não revela detalhes, alegando que o negócio está protegido pelo sigilo bancário e comercial.
Quadrado e seus sócios continuam no mercado, ainda que combalidos pelo escândalo, com a Bônus Banval Corretora de Valores Mobiliários, que opera na Bovespa.