Índice do IBGE não reflete geração de empregos no interior do País, diz Lula na China
XANGAI – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o aumento do desemprego medido pelo IBGE nas cinco regiões metropolitanas decorre da dificuldade de gerar empregos na cidade, enquanto a economia cresce no meio rural. A afirmação foi feita durante entrevista coletiva em Xangai, quando os jornalistas comentaram que, enquanto ele discursava numa conferência do Banco Mundial sobre combate à pobreza, o desemprego no Brasil alcançava o nível mais alto desde outubro de 2001, saltando de 12,8% para 13,1%.
“Acho que o jornalista depois pode conversar mais com o ministro da Fazenda sobre essa questão do emprego”, começou o presidente, num dia rico em recomendações para os jornalistas (ele pediu que lessem uma nota do ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, sobre a venda de urânio). Mas acrescentou que, no primeiro trimestre do ano, foram criados 534 mil novos empregos com carteira assinada – o maior saldo positivo desde 1992. O governo incentivará, segundo o presidente, “investimentos maciços” em saneamento básico e construção civil, para gerar empregos nas grandes cidades.
Em sua palestra na abertura da Conferência do Banco Mundial sobre Combate à Pobreza, Lula voltou a propor a criação de um fundo contra a fome. Ele convidou os líderes mundiais para uma reunião no dia 20 de setembro em Nova York, na véspera da abertura da Assembléia Geral da ONU, para discutir como patrocinar esse fundo, e citou duas possibilidades: impostos sobre movimentos de capitais nos paraísos fiscais ou sobre o comércio de armas.
Na coletiva, o presidente se recusou também a falar sobre o aumento do salário mínimo.”Quando eu voltar, discuto salário mínimo”, resumiu.
Ele também não quis se aprofundar no tema da reportagem publicada pela revista Veja no fim de semana, segundo a qual um amigo de Lula, o empresário Mauro Dutra, teria desviado recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador. “Não sei, porque não acompanhei isso”, disse o presidente. “No Brasil, temos ministros, temos o vice-presidente, que estão lá para resolver esse problema”, observou Lula.
“Quando eu voltar para o Brasil e me inteirar de tudo o que aconteceu, talvez eu possa te responder essa pergunta com mais precisão”, continuou o presidente. “Para mim, a questão é simples, ou seja: se houve desvio de alguma coisa, precisa ser apurado corretamente. Se comprovado o desvio, as pessoas que o cometeram precisam ser punidas, apenas isso.
Lula toma café da manhã hoje com líderes empresariais e depois se reúne com a primeira-ministra do Bangladesh, Begum Khaleda Zia, e com o prefeito de Xangai, Jin Jiang. Sua partida para Guadalajara (México), onde ele participará de reunião de cúpula da América Latina e União Européia, está prevista para as 15h em Xangai (4h de Brasília).