Lavín `paga promessa’ antes de retomar a campanha política

Candidato conservador viajou para Iquique, a fim de agradecer à Virgem de La Tirana

 

SANTIAGO – Joaquín Lavín, candidato da Aliança pelo Chile, só retoma a campanha hoje. Ontem, ele foi para Iquique, no norte do país, “pagar promessa à Virgem de La Tirana”. Membro do grupo ultracatólico Opus Dei, Lavín, de 46 anos, apresenta-se como defensor dos valores da família e da religião, sempre acompanhado da mulher e de pelo menos dos três menores de seus sete filhos. O perfil pessoal do candidato da Concertação, Ricardo Lagos, de 61 anos, é bem diferente: ele se separou da primeira mulher e vive com a segunda, num país onde o divórcio ainda é proibido.

Os votos nulos somaram apenas 2,2% e os em branco, 0,8%. Numericamente, o grupo de eleitores mais cobiçado nesta nova fase da campanha é o dos que se abstiveram: 850 mil pessoas ou 10,6% do eleitorado. O presidente Eduardo Frei pediu ontem a esse contingente que compareça no segundo turno.

“Apesar dos problemas, espero que o povo continue considerando que somos os melhores para resolvê-los”, disse Frei, declarando-se “orgulhoso” pelo fato de a Concertação ter ficado em primeiro lugar “apesar dos efeitos da crise financeira internacional sobre a economia chilena”. Frei acrescentou que “a economia está entrando numa etapa de plena recuperação”.

O presidente chileno é criticado pela oposição por seu engajamento na campanha de Lagos. O chefe da campanha de Lavín, Francisco de la Maza, pediu ontem a Frei que “termine com a insuportável interferência eleitoral, que começou há dois meses”. De la Maza afirmou que essa atitude é contrária à tradição chilena e lembrou que Patricio Aylwin (1990-94) não teve esse tipo de envolvimento.

O outro contingente a ser disputado é o dos votos dados, no primeiro turno, aos candidatos “nanicos”: a comunista Gladys Marín, com 3,19%, o humanista Tomás Hirsch, 0,51%, a ecologista Sara Larraín, 0,44%, e o democrata-cristão dissidente Arturo Frei Bolívar.

Marín, que teve cerca de metade dos votos que lhe atribuíam as principais pesquisas, acenou ontem com a possibilidade de apoiar Lagos no segundo turno, desde que a Concertação adote a seguinte agenda: nova Constituição, redistribuição de renda, reforma da Justiça e das leis trabalhistas. Lagos já está comprometido com esse último item.

A proposta de reforma trabalhista apresentada pelo governo foi rejeitada no dia 1º, no Senado, numa derrota que contou com a participação de democrata-cristãos insatisfeitos.

 

A reforma, que reintroduzia negociações setoriais e proteções contra demissões, foi condenada pelo empresariado, que apoiou maciçamente Lavín no primeiro turno.

Deixe o seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*