Tradutora sérvia diz, em Belgrado, que informações no país não são confiáveis
Para Biljana Lukic, a maioria dos sérvios é contra a guerra, apesar das preocupações com as minorias sérvias na Croácia e na Bósnia.
Estado – Os sérvios apóiam as ações do governo da Sérvia e do Exército federal?
Biljana Lukic – Em Belgrado, nós não sabemos ao certo o que está acontecendo. As informações que recebemos não são confiáveis. Temos a Rádio Juventude e o jornal Borba, considerados independentes, mas mesmo eles não veiculam informações confiáveis. Portanto, não sabemos exatamente o que o Exército federal está fazendo. De qualquer forma, sei que a maioria das pessoas é contra a guerra.
Estado – O que a Sérvia tenta salvar: as minorias sérvias ou a Federação Iugoslava?
Biljana – É uma questão complexa. A Sérvia insiste na Federação, porque nela os sérvios são mais numerosos e hegemônicos. Mas a preocupação com as comunidades sérvias na Croácia e na Bósnia sem dúvida alimenta a guerra.
Estado – A minoria sérvia na Croácia estaria ameaçada com a independência da república?
Biljana – Não sei dizer. Mas eles tinham razão de protestar quando iniciaram suas manifestações nas estradas da Croácia. Há na Croácia enclaves de maioria sérvia, onde as pessoas falam dialeto e têm uma cultura muito diferente. Esses sérvios estão totalmente excluídos da Croácia.
Estado – E na Bósnia?
Biljana – A situação me parece mais grave ainda na Bósnia. Lá há mais de 30% de sérvios, entre 18% e 20% de croatas e mais os muçulmanos e outros grupos, todos espalhados pela república. Agora, os sérvios proclamam sua república. Que república? Não consigo imaginar como esses grupos podem ser separados.
Estado – Os fantasmas da 2ª Guerra – os massacres entre sérvios e croatas – alimentam o conflito atual?
Biljana – Eu particularmente não convivo com esses fantasmas. Tenho amigos de todos os grupos étnicos, com quem convivo normalmente. Saio à noite, vou a restaurantes com croatas. Mas sei que o conflito se reflete nas relações entre outras pessoas.
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