Kadafi bombardeia cidade na direção de Benghazi

Em mais uma tentativa de retomar o controle da região, governo ataca Ajdabiya, a 160 km de ‘capital’ rebelde

TOBRUK, Líbia – A Força Aérea líbia realizou ontem de manhã três ataques aéreos contra Ajdabiya, ferindo cinco pessoas, entre elas um soldado. O domínio da cidade, ainda controlada pelos rebeldes e localizada a 160 km de Benghazi, é vista como ponto fundamental para que o ditador Muamar Kadafi consiga retomar a região leste do país.

O hospital de Ajdabiya foi esvaziado, por receio de que ele fosse bombardeado, e os pacientes levados para Benghazi. Na ofensiva contra Ras Lanuf, na quinta-feira, as kataeb (brigadas de elite leais ao regime) dispararam grande quantidade de foguetes contra o hospital da cidade, que teve de ser esvaziado. Nenhum atingiu o alvo, mas isso aparentemente se deve à imprecisão dos foguetes do tipo katiusha.

As kataeb e os combatentes rebeldes também disputavam ontem o controle do complexo petrolífero de Brega, a 230 km a oeste de Benghazi, o principal reduto da oposição. Os rebeldes afirmaram ter matado 20 integrantes das kataeb e tomado outros 25 como prisioneiros na batalha da noite de domingo para segunda-feira, de acordo com a rede de TV Al-Arabiya.

Brega havia sido tomada no sábado pelas kataeb, mas no dia seguinte os rebeldes armaram uma contraofensiva. Moradores disseram ao Estado que havia combatentes rebeldes até mesmo em Al-Gayla, a meio caminho entre Brega e Ras Lanuf, outro complexo petrolífero, 150 km a oeste, tomado pelas kataeb na sexta-feira. Zuara, a 113 km a oeste de Trípoli, também foi bombardeada. Na única cidade controlada pelos rebeldes a oeste da capital, uma pessoa morreu e pelo menos três ficaram feridas em confrontos.

Enquanto os membros do Conselho de Segurança da ONU discutem a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia, os sinais são de que ela não bastaria para alterar a situação no campo de batalha. O general Mohamed Abdel-Rahim, que passou para o lado dos rebeldes, pediu à comunidade internacional que forneça armas aos oposicionistas.

“Em vez disso, o mundo está assistindo Kadafi matar seu povo”, disse ele à agência DPA. Abdel-Rahim veio ontem de manhã de Brega para Benghazi, para pegar mais armas e combatentes, e voltar para lá.

Os líderes oposicionistas civis têm insistido que não querem ajuda de tropas terrestres estrangeiras. Mas um porta-voz dos rebeldes em Misrata – terceira cidade do país e a maior controlada pela oposição na região oeste -, disse que eles aceitariam assistência para atingir determinados alvos do governo.

O capitão-de-fragata Mahmud Rabia admitiu ao Estado que, dos três navios de guerra ancorados no porto de Benghazi, apenas uma fragata parece estar em condições de operar. “Estamos prontos para lutar, mas nos faltam armamentos”, disse Rabia, em Tobruk.

Publicado no Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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