Líder espiritual veta candidatos “anti-islâmicos”
TEERÃ – Muitos iranianos se sentem assistindo ao segundo turno de uma eleição, depois que o Conselho Guardião, subordinado ao líder espiritual Ali Khamenei, descarta os candidatos que o desagradam. Em entrevista coletiva ontem, o porta-voz do Conselho, Abbas Ali Kadkhodaii, explicou que, de acordo a lei, são excluídos os candidatos que “assumem atitudes anti-islâmicas”.
Para essas eleições, segundo os números apresentados ontem pelo porta-voz, 5.382 candidatos se apresentaram. O primeiro filtro é feito por conselhos distritais, municipais e provinciais, cujos integrantes são eleitos pelos moradores “entre pessoas de todas as classes sociais”. Esses conselheiros locais “conhecem o comportamento dos candidatos”, justificou Kadkhodaii, e estão aptos para dizer se suas atitudes são apropriadas ou não.
Os conselhos locais excluíram 506 candidatos. Os nomes dos 4.876 restantes foram então submetidos ao Conselho Guardião, cuja assembleia faz uma nova seleção. Nessas eleições o Conselho vetou outros 1.409 candidatos. Sobraram 3.467, que concorrem a 310 assentos no Parlamento unicameral (conhecido como Majlis) – que atualmente tem 290 deputados, e está sendo ampliado, por causa do aumento da população. O Irã tem 75 milhões de habitantes, dos quais 48,5 milhões podem votar. O voto é manual. Em apenas 14 seções, haverá voto eletrônico, num projeto-piloto.
Os candidatos que apoiam o líder espiritual Ali Khamenei estão reunidos na Paydari, ou Frente da Firmeza. Esses conservadores clericalistas dominam o Parlamento atualmente. Já os partidários do presidente Mahmud Ahmadinejad espalharam-se por várias legendas, na tentativa de escapar dos vetos do Conselho Guardião.
Para assegurar um assento, o candidato precisa ter um quarto dos votos em seu distrito. Se nenhum tiver, a votação vai para segundo turno, cuja data ainda não foi marcada. Nas últimas eleições parlamentares, em 2008, o comparecimento foi de 61%. O ministro do Interior, Mostafa Najar, um aliado de Ahmadinejad, disse na quarta-feira que o governo espera para hoje uma participação “mais maciça do que no passado”.
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