Hezbollah mantém mobilização na capital

Em março do ano passado, depois do assassinato do primeiro-ministro Rafic Hariri, um sunita que resistia à influência da Síria sobre o Líbano, cerca de 1 milhão de pessoas ganharam a Praça dos Mártires e seus arredores para exigir a retirada das tropas sírias do país.

BEIRUTE – O movimento e a sua repercussão internacional resultaram na saída dos sírios, depois de 29 anos de presença no Líbano.

Alguns dias antes, o Hezbollah havia reunido algumas centenas de milhares de pessoas em apoio à Síria, a principal suspeita do assassinato. O grupo xiita aprendeu a lição. Depois da manifestação de sexta-feira, centenas de seus militantes seguem acampados nas duas praças, e milhares freqüentam os locais diariamente, para evitar que seus adversários realizem uma contramanifestação de apoio ao governo. Mas eles estão por toda parte. E não são só sunitas ou cristãos.

“Esse movimento é muito ruim para o país”, diz a xiita Nuhad Melly, de 53 anos, viúva de um general sunita. “Já tivemos muitas guerras, e nunca encontramos a solução. Sou do sul, e fico muito triste quando vejo o país destruído mais uma vez”, pondera.

Sua filha, Jumona, completa: “Nossos vizinhos não nos deixam ter paz. Israel, pelo menos, sabemos que é nosso inimigo. Pior é a Síria, que diz que é nossa irmã.” Publicitária de 31 anos, Jumona está desempregada. “Neste país, com essa situação, não dá para trabalhar.”

No shopping center Dunes, na Rua Verdun, uma elegante área sunita, as lojas estão vazias. “Numa situação dessas, se você tivesse US$ 1 mil, você gastaria ou guardaria para ver o que vai acontecer?”, pergunta Bilal Almir, vendedor de uma loja da Timberland. “Nessa época do ano passado, isso aqui estava cheio de gente.”

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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