Autores gostam de demonstrar êxito do golpe

O americano James Wygand ouviu falar pela primeira vez em fraude quando tinha uns 12 anos, em Nova Jersey, e um vizinho chegou dirigindo um possante Cadillac cor-de-rosa.

 

Logo se descobriu que o vizinho, executivo de uma companhia, tinha inscrito no cadastro de fornecedores uma empresa que na verdade pertencia a ele próprio. Assim, aprovava pagamentos para si mesmo.

Marcelo Gomes investigou por dois meses a encarregada de compras de uma loja de departamentos e não conseguiu levantar nada – até que ela comprou um apartamento de US$ 900 mil, quando seu salário era de R$ 5 mil e o marido, autônomo, ganhava a metade disso.

Fraudadores não conseguem evitar a exibição dos chamados sinais exteriores de riqueza. A primeira razão disso é óbvia: as pessoas vão atrás de dinheiro para poderem gastar. Mas há uma outra causa, que indica as motivações mais profundas. Muitos empregados partem para o crime contra a empresa quando vêem frustradas suas expectativas de promoção. Amargurados, anseiam provar que são mais espertos que seus patrões. Quando conseguem, precisam demonstrar seu triunfo.

O maior número de fraudadores está na faixa dos 36 aos 40 anos. “Nessa fase, muita gente percebe que não chegará a presidente da empresa, que será, no máximo, chefe de divisão, que tinha gente mais inteligente no mercado, que foi passado para trás”, descreve Wygand. Aqui, as motivações se mesclam: ao lado do orgulho ferido, essa pessoa pode estar sob pressão familiar: da mulher que não aceita carro usado, depois que a vizinha ganhou um zero quilômetro do marido; do filho que exige roupa de grife; e dele mesmo, que se vê obrigado a diminuir mentalmente a casa de campo com que sonhou.

Havendo oportunidade, e alguma debilidade de caráter, a tentação pode se revelar irresistível.


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