Baduel rejeita união política na região

O general Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa que rompeu com Hugo Chávez por se opor à reforma constitucional, rejeitou ontem a idéia de uma união política que passe por cima da soberania dos Estados nacionais. 

 

CARACAS

O general Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa que rompeu com Hugo Chávez por se opor à reforma constitucional, rejeitou ontem a idéia de uma união política que passe por cima da soberania dos Estados nacionais. “Se bem que o ideal de Simón Bolívar é a integração da América Latina e do Caribe, entendemos que ela deve ser de natureza econômica, e com base num equilíbrio entre os países”, disse Baduel, respondendo a uma pergunta do Estado sobre a nova formulação do artigo 153 da Constituição e as tendências supostamente expansionistas de Chávez.

“Devemos ser cuidadosos no uso dos recursos do petróleo para integrar e ajudar os países irmãos, respeitando a sua autodeterminação”, afirmou Baduel, um dos fundadores, com Chávez, do Movimento Bolivariano Revolucionário 200 (MBR-200). “Não devemos pôr na frente aspirações pessoais, que perturbam a integração”, continuou o general, durante entrevista a jornalistas estrangeiros, respondendo a uma pergunta sobre a disputa de liderança entre Chávez e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região. 

“Nosso país tem uma tremenda vocação pacifista”, garantiu Baduel, que como comandante da 42ª Brigada de Pára-Quedistas de Maracay assegurou a volta de Chávez à presidência, durante a intentona de 2002. “Se em algum momento se faz alarde sobre uma postura expansionista da Venezuela, não é senão pela incontinência verbal de alguém”, prosseguiu, referindo-se ao presidente. 

“Temos antecedentes históricos, nos quais o Exército venezuelano ultrapassou as fronteiras para os países vizinhos para lutar pela independência deles, e isso segue presente hoje nas Forças Armadas e no povo”, argumentou Baduel. O general garantiu que a maciça compra de armamentos, conduzida por ele como ministro da Defesa, tem por objetivo apenas substituir equipamento já muito obsoleto.

O general, de 52 anos, que foi também comandante do Exército, e emerge agora como um dos principais líderes da oposição, disse que os militares rejeitam a vinculação das Forças Armadas com a ideologia socialista, selada pela reforma constitucional. E não descartou a possibilidade de vir a ser candidato a presidente na eleição de 2012.

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