Bayrou não votará no direitista

Centrista diz que Sarkozy pode agravar problema social

PARIS – O centrista François Bayrou, terceiro colocado no primeiro turno da eleição presidencial, dia 22, chegou mais perto ontem de declarar apoio à candidata socialista Ségolène Royal. “A esta altura, não sei o que farei, mas sei o que não farei”, disse ele a amigos depois do debate. Por insistência do jornal Le Monde, Bayrou explicou depois: “Não votarei em Nicolas Sarkozy. Ele arrisca agravar o esgarçamento do tecido social.”

Depois de obter 18,57% dos votos no primeiro turno, Bayrou se tornou o fiel da balança do segundo, que se realizará no domingo. O direitista Nicolas Sarkozy venceu Ségolène por uma diferença de apenas 5 pontos (31,18% a 25,87%) e lidera as pesquisas com uma margem de 4 a 8 pontos. Ségolène, que já manifestou a disposição de aliar-se às forças políticas do centrista, festejou ontem a declaração de Bayrou. “Acho que é corajoso. Estou muito satisfeita”, disse ela.

Pesquisa do instituto TNS Sofres, divulgada ontem, indica popularidade crescente de Bayrou. Em duas sondagens seguidas, ele ficou em primeiro lugar na resposta à pergunta sobre quem os entrevistados gostariam que desempenhasse papel importante nos próximos meses e anos. De 55%, em abril, ele saltou para 65%. Sarkozy vem em segundo, com 56% e Ségolène em terceiro, com 52%.

Historicamente, a corrente centrista é aliada à direita gaullista, à qual pertence Sarkozy. Tanto que Bayrou foi ministro da Educação do presidente Jacques Chirac e do primeiro-ministro Alain Juppé, entre 1995 e 1997. E pelo menos 20 dos 29 deputados de seu partido declararam apoio a Sarkozy, de olho nas alianças locais para as eleições parlamentares de junho.

Pesquisa do mesmo TNS Sofres mostra que 41% dos que votaram em Bayrou no primeiro turno escolherão Ségolène no segundo, enquanto outros 32% darão preferência a Sarkozy. Esses 9 pontos de diferença em favor de Ségolène representam menos de 2% dos votos do primeiro turno, e não são decisivos.

Até porque são compensados pelo deslocamento dos votos do candidato de extrema direita Jean-Marie Le Pen, quarto colocado. Dos que votaram em Le Pen no primeiro turno, 60% escolherão agora Sarkozy, e apenas 19%, Ségolène. Considerando que Le Pen teve 10,44%, a diferença de 41 pontos em favor de Sarkozy representa mais de 4% dos votos. Os eleitores dos outros quatro candidatos de esquerda, que somaram 9%, votarão maciçamente em Ségolène. É por isso que ela encosta em Sarkozy. Mas talvez não o suficiente para superá-lo.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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